Por: Keila Fernandes
Revisão: Willian Jhonnes
Imagens: Henrique Pelegrini

Ambush

Na última sexta feira (12), Curitiba recebeu a banda sueca de heavy metal Ambush. O local da apresentação foi o 92 Graus, grande reduto underground curitibano. O evento contou, também, com a presença de três nomes da cena local: Blackened, Axecuter e os veteranos do Jailor.

O evento estava marcado para às 21:00 mas, às 22:00, o bar ainda estava bem vazio. Mesmo com poucas pessoas presentes, a preparação do som iniciou, já com um pouco de atraso, devido a problemas técnicos. Tais dificuldades acabaram por atrasar um pouco mais o início dos shows, o que é compreensível, pois além de a qualidade do som ser um fator importante, os shows do Axecuter e do Jailor seriam gravados com captação profissional. Tudo deveria estar funcionando.

Finalmente, após a resolução dos problemas iniciais, o Blackened inicia sua apresentação às

Axecuter

23:40 para um público ainda pequeno, mas bastante empolgado. Formada em 2013, a banda, que conta com João Wegher (baixo e vocal), Ulisses Nathan (guitarra), Gabriel Di Angelo (guitarra) e Marcelo Martins (bateria), abriu a noite com uma performance vigorosa, apresentando um heavy/thrash raivoso e de qualidade. Aos poucos a casa foi se enchendo e, após mais alguns problemas técnicos que estenderam o intervalo mais do que deveria, chegou a vez do Axecuter quebrar tudo.

Na ativa desde de 2010, a banda conta com com Daniel Danmented (guitarra e vocal), Victor Rascal (baixo e backing vocals) e Jefferson Verdani (bateria). Com uma proposta de manter vivo espírito old school do metal oitentista e músicos competentes, o trio se apresentou com muita energia e não decepcionou. A quantidade de pessoas pareceu se multiplicar de repente, enchendo o bar. Mais algumas dificuldades técnicas seguiram. Nenhuma banda escapou dos atrasos causados e a noite já ia alta quando os membros do Jailor subiram ao palco. Mas os contratempos parecem não ter surtido efeito negativo, nem no público, nem nos músicos.

Blackened

Com uma história que se iniciou em 1998, o Jailor  tem em sua formação Marcos Araújo (guitarra), Emerson Niederauer (baixo), Flávio Wyrwa (vocal), Guima (guitarra) e Jefferson Verdani (bateria) e mostrou a força do thrash metal brasileiro com um show pesado e com uma técnica invejável, elevando a empolgação dos presentes. Após mais um intervalo finalmente os suecos do Ambush sobem ao palco, mas sem seu baterista, Linus Fritzson, que ainda estava em São Paulo devido a problemas com o vôo. E em uma demonstração de profissionalismo (e resistência física), Jefferson Verdani, baterista do Axecuter e Jailor, voltou ao palco. Todo o atraso foi compensado por uma apresentação incrível.

O quinteto, que surgiu em 2013, é formado por Oskar Jacobsson (vocal), Adam Hagelin (guitarra),  Olof Engqvist (guitarra), Ludwig Sjöholm (baixo) e Linus Fritzson (bateria), e faz um heavy metal tradicional de altíssima qualidade. Contando com uma audiência receptiva, os músicos demonstraram muito carisma e profissionalismo. Oskar até arriscou algumas palavras em português, ganhando a simpatia dos presentes. Músicas como Fire Storm e Natural Born Killer fizeram a plateia bangear como se não houvesse amanhã (ou pescoços), evocando o espírito tradicional do primeiro álbum da banda, Firestorm, de 2014, composto por músicas que se destacam pelo peso e simplicidade, sem ser deixar de lado a força e peso característicos do estilo. Com uma cozinha coesa e refrões marcantes, o álbum de estreia da banda mostra que o heavy metal tradicional se mantém vivo e poderoso, o que pudemos conferir com a apresentação dos suecos.

Possessed by Evil, com o perdão do trocadilho, realmente possuiu a plateia com sua

Jailor

energia. A música resume bem o clima do segundo álbum da banda, Desecrator, de 2015. Com uma pegada NWOBHM, as músicas possuem solos de guitarras duplos e vocais cheios de personalidade que puderam ser conferidos durante o show, com direito à “coreografia” durante os riff e tudo mais. A performance da banda pode ser descrita como sensacional: vocais poderosos, que não pecam pelo excesso de agudos, peso e uma presença de palco intensa, além do visual oitentista (não só da banda) compondo um clima saudosista. Mesmo com membros jovens, o Ambush trouxe um sentimento nostálgico e agradou os fãs do metal old school.

Ao final, tudo deu certo, e apesar das pequenas dificuldades da noite, o público pode conferir shows de alta qualidade. O respeito e o apoio mútuo presente na cena underground de Curitiba me impressionou, já que venho de uma cena que costumava ser bem menos unida e receptiva. O clima do bar, a postura das bandas e a animação da plateia fez com que o resultado da noite foi mais do que satisfatório. Creio que todos saíram com a sensação de realmente ter aproveitado a noite, e arrisco a dizer, que aguentariam uma ou mais duas horas de show com facilidade.

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