Return to Roots: Max e Iggor Cavalera entregam show apoteótico em Curitiba

Os 25 anos do álbum Roots, com Max e Iggor Cavalera

O Sepultura é, sem dúvidas, uma das maiores bandas do metal brasileiro, cuja importância se mantém, não apenas com a projeção nacional e internacional, mas no fato de que muitas de suas músicas figuram nas listas de clássicos que todo apaixonado por metal deve, obrigatoriamente, conhecer.

Integrando uma discografia politicamente marcante está o Roots, o sexto álbum do grupo e que mudou para sempre o gênero. Incorporando ritmos tribais brasileiros ao tradicional thrash metal da banda, o disco é um verdadeiro manifesto em prol dos povos indígenas e, celebrando os 25 anos do seu lançamento, Max e Iggor Cavalera juntaram-se a Mike Leon (Soulfly e Cavalera Conspiracy) e ao monstro Dino Cazares (Fear Factory) para a mini turnê Return to Roots, que passou por Curitiba na última quinta (04), na Live Curitiba.

 

Troops of Doom

Se a noite estava carregada com o clima de nostalgia dos fãs mais velhos, que tiveram a sorte de ver o Sepultura com sua formação clássica, e a expectativa dos fãs mais jovens, prestes a realizar um sonho, a decisão de colocar os caras do Troops of Doom na abertura foi mais que acertada.

Max e Iggor Cavalera - The Troops of Doom - O Motim
Thre Troops of Doom

O quarteto formado por Jairo Guedz (ex-Sepultura, guitarra), Alex Kafer (vocal e baixo), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) entregou um show enérgico e pesado, ensurdecendo com seu death metal oldschool os fãs que ainda estavam chegando.

Max e Iggor Cavalera - Jairo Geudz - O Motim
Jairo “Tormentor” Guedz

Além dos seus diversos projetos musicais, Jairo também é conhecido por ter integrado o Sepultura ainda no início, tendo participado do EP Bestial Devatation (1985) e no full length Morbid Visions. Experiência e sangue nos olhos é o que não falta em seu currículo e pudemos ver essa garra e disposição na 1h30 de show.

Voltando às raízes

A preparação para o show principal foi rápida e muito aguardada por todos os presentes, afinal, seria a primeira vez em muitos anos que teríamos o privilégio de ouvir um clássico sendo tocado na íntegra. Max e Iggor Cavalera subiram ao palco quase às 22h, abrindo o show com a atemporal Roots Bloody Roots, uma pancada que fez a Live Curitiba estremecer.

Max e Iggor Cavalera - Max Cavalera- O Motim
Max Cavalera

Seguindo a ordem do álbum, em seguida vieram Attitude e Cut-throat, dando folego para que todos cantassem em uníssono Ratamahatta que, se um dia causou polêmica, agora é cantado com orgulho. Na sequência, Breed Apart, Straighthate, Spit e Dusted. Vale ressaltar que, a essa altura, o público já estava bangueando por todo o local e começando circle pits, o que se intensificou com Lookaway – principalmente pelo uso de trechos de War Pigs e Territory.

Max e Iggor Cavalera - Mike Leon - O Motim
Mike Leon

Alguns dos pontos altos da noite, além da abertura, foram Troops of Doom com aquela famosa palhinha de Raining Blood – que não pode faltar em qualquer show de metal, Refuse/Resist, e os covers de Brujeria (La Migra), Motörhead (Orgasmatron), Titãs (Polícia).

Max e Iggor Cavalera - Dino Cazares - O Motim
Dino Cazares

Era visível a alegria da banda, principalmente do Max, que comemorava seu aniversário de 53 anos no mesmo dia. Embora em boa forma, não esperemos a mesma técnica vocal de antigamente. Claro, é um absurdo. Houveram altos e baixos em sua voz, mas a técnica da banda, como um todo, foi excelente. Iggor continua um monstro enquanto músico, entregando uma grande performance. Mike Leon não é apenas extremamente carismático como é um ótimo baixista. Sobre Dino Cazares, acredito não haver necessidade de muitos comentários. O seu trabalho por si só já diz tudo sobre a sua competência.

O futuro é indígena

O Sepultura enquanto um projeto musical sempre foi político nas críticas à sociedade e, principalmente, na defesa dos povos indígenas. Desde o início a questão dos povos originários era presente, seja nas letras ou no uso de ritmos musicais tribais.

Max e Iggor Cavalera - Iggor Cavalera - O Motim
Iggor Cavalera

E no atual cenário político, Roots realça a sua relevância. Não é a toa que o slogan dessa turnê é O futuro é indígena. E, embora não tenha havido nenhuma manifestação política dando nomes aos bois, como estamos presenciando em diversos eventos, a bandeira antifascista foi estrategicamente colocada ao lado da bateria do Iggor. E isso já diz tudo.

“O verdadeiro Sepultura!”

Essa frase não é minha. Como não poderia faltar uma polêmica, Max inicia um coro de “O VERDADEIRO SEPULTURA”. Controvérsias a parte, uma coisa é certa: valeu a pena aguardar tanto tempo para ver o “meio Sepultura”.

SETLIST

Roots Bloody Roots
Attitude
Cut-Throat
Ratamahatta
Breed Apart
Straighthate
Spit
Dusted
Lookaway
(Sepultura song) (com “Territory” e “War Pigs”)
Itsári
Ambush
Born Stubborn
Dictatorshit
Troops of Doom (com “Raining Blood”)
La Migra (Brujeria cover)
Refuse/Resist
Orgasmatron (Motörhead cover)
Polícia (Titãs cover)
Escape to the Void
Roots Bloody Roots

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