Nos Rastros da História: Temas históricos nas músicas do Iron Maiden
Donzela de ferro: câmara de tortura utilizada pela Inquisição

Donzela de Ferro:  foi um instrumento de tortura medieval muito usado pela Santa Inquisição. Feito na forma um “ataúde” de ferro, ela podia enclausurar uma pessoa em pé. Sua tampa possuía cravos de ferro que perfuravam as vítimas, mas não em seus órgãos vitais, de forma a prolongar a tortura.

Até no nome o Iron Maiden traz um forte ligação com temas históricos que pode ser encontrada nos trabalhos da banda.

Boa parte do meu interesse por história veio por causa da letra de Alexander, The Great. Foi por conta dessa música que eu me interessei em buscar mais informações sobre o cara que se tornaria um dos meus personagens históricos favoritos. Em meio às pesquisas tive contato com a obra de Plutarco e com a mitologia grega, e daí para frente, tomei gosto pela pesquisa histórica.

Nos Rastros da História: Temas históricos nas músicas do Iron Maiden
Alexandre, o Grande – Rei da Macedônia

Alexander, The Great parte do álbum Somewhere in Time, de 1986,  foi escrita por Steve Harris e é baseada na biografia do conquistador escrita por Plutarco. Com seus  8:36 minutos, vai do nascimento até a morte de Alexandre Magno, falando sobre sua ascensão ao trono e conquistas que o transformaram em uma das figuras mais notórias da antiguidade. A letra delimita datas e locais, o que a torna ainda mais didática. Há também a referência ao helenismo, que se caracteriza pela disseminação da cultura grega que se torna dominante na Macedônia, Síria e Egito. Para quem não conhece nada sobre o rei macedônio,  Alexander, The Great é bastante útil.

Powerslave e a Egiptomania

 

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Powerslave e a egiptomania

Ainda falando sobre antiguidade, podemos dizer que o uso que o Iron Maiden faz da história não fica só nas letras. No álbum Powerslave, de 1984, podemos conferir um trabalho primoroso de egiptomania na capa. A capa é uma representação fantasiosa, mas que traz elementos egípcios bastante conhecidos, como a pirâmide, as esfinges, a figura do faraó, de deuses com cabeça de animais e a forte presença dos rituais ligados à morte, já que a capa representa o funeral do faraó. Na parte de trás do disco, há a imagem do faraó Eddie em seu sarcófago, o que é bastante significativo, pois a morte ocupava o um lugar de destaque na cultura egípcia, permeando todas as esferas da sociedade.

A faixa título do álbum, composta por Bruce Dickinson (que é historiador), tem como tema os questionamentos de um faraó a respeito da limitação de seus poderes e sua imortalidade, algo muito presente no imaginário egípcio. Além disso, cita elementos comuns às representações da cultura egípcia, como o olho de Hórus (uma representação do poder dos faraós, considerados o Hórus vivo), e Osíris ressuscitado, deus do mundo dos mortos que foi assassinado por seu irmão Seth e revivido por sua esposa, Ísis e vingado por seu filho Hórus. Tais referências são muito presentes nas tumbas e estelas dos grandes faraós.

Inspirando-se nos horrores da guerra

 

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Aces High e a Batalha da Grã-Bretanha

Aces High também tem tema histórico. Escrita por Steve Harris, é ambientada durante Batalha da Grã-Bretanha, que ocorreu em 1940, e foi a primeira ofensiva alemã para tentar concretizar a invasão das ilhas britânicas. A foi escrita do ponto de vista de um piloto da RAF ( Royal Air Force), que enfrenta a Luftwaffe, as forças aéreas da Alemanha Nazista. A letra não desenvolve outros aspectos do acontecimento, e se restringe apenas à descrição dos acontecimentos do confronto entre os aviões Supermarine Spitfire e Messerschmitt Bf 109.

Pulando alguns anos, chegamos ao álbum Dance of Death, de 2003. Montsègur e Paschendale são ambientadas em diferentes períodos históricos. A primeira fala sobre o castelo de Montsègur, uma fortaleza de resistência dos cátaros no sudoeste da França que, no século XIII foi atacada, tendo muitos de seus ocupantes acusados e queimados por heresia. Há uma lenda em torno desse acontecimento, dizendo que alguns sobreviventes escaparam levando consigo o Santo Graal, tal lenda serviu de inspiração para a série de livros “A Busca do Graal” ,de Bernard Cornwell.

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Dance of Death

Já a segunda canção conta sobre a Batalha de Paschendale, também chamada de A Terceira Batalha de Ypres, confronto da entre o exército britânico (e seus aliados) contra o Império Alemão em 1917, narrando os horrores e a violência dos combates.

Seria possível escrever uma série de textos só sobre os trabalhos do Maiden que tratam de assuntos históricos, afinal são 37 anos carreira e 16 álbuns de estúdio. Há, dentro da banda, um interesse grande por tais temas. Steve Harris, compositor de grande parte dessas letras, tem um grande interesse em temas históricos, e Bruce Dickinson, como dito anteriormente, é historiador.

Esse tipo de trabalho é bastante rico e muito importante pois, além de ser um poderoso instrumento de ensino, também consegue despertar o interesse das pessoas, que de outra forma não dariam atenção para a história. Uma aula expositiva ou um artigo acadêmico não conseguem chegar tão longe quanto o refrão de Runs to the Hills.

Aí está a tão questionada importância em se conhecer a história: os mune com conhecimento, influencia a arte e nos possibilita reconhecer sua sombra nas obras que tanto gostamos, nos fazendo, muitas vezes, sair da zona de conforto e aprender mais sobre o mundo.

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