Por: Keila Fernandes

 

Therion

Quando fui convidada para escrever essa coluna, tive milhares de ideias quase que instantaneamente. As possibilidades começaram a fluir na minha cabeça de tal forma que me vi com uma grande dificuldade: por onde começar?

Pensei, pensei e pensei, e acabei resolvendo começar pelo começo. Pelo meu começo!

No já longínquo ano de 2008 eu entrava na universidade para cursar História. Não havia sido minha primeira escolha, mas foi a mais acertada, pois apaixonei-me pela disciplina ainda muito cedo e, infelizmente, não foi por causa de professores legais (estes aparecem quando já tinha gosto pela coisa).

Meu amor pela história foi uma consequência do meu amor pela música, especificamente pelo Heavy Metal, mais especificamente ainda, pelo Iron Maiden. Lembro-me do quão deslumbrada eu fiquei ao descobrir a letra de Alexander The Great, tanto que fui buscar mais informações sobre o conquistador cantado na música e nunca mais voltei atrás.
Mas o que eu quero dizer com isso?

História e música

Fragmentos da Epopéia de Gilgamesh

Bem, cantar uma história não é algo novo, pesquisadores creem que a Epopéia de Gilgamesh, a obra literária mais antiga do mundo, foi escrita para ser cantada. Há uma grande quantidade de hinos de origem suméria (ou seja, antigos pra caramba) que além da intenção religiosa, tem como objetivo contar uma história. Estes textos nos contam sobre a criação do mundo, o nascimento de deuses e heróis e suas ações na terra. Pode parecer algo “sem sentido” para o olhar moderno, mas tem um grande valor quando se estuda civilizações como a egípcia, grega, nórdica entre outras.  E esse tipo de tradição pode ser observada em culturas antigas, passando pela idade média, com as cantigas que contavam sobre o triunfo de reis e heróis, sobrevivendo até hoje, é claro, com modificações.

Contar uma história em forma de música é uma estratégia antiga, já que até não muito tempo atrás a alfabetização era algo restrito, e a forma mais fácil levar a história ao povo era por meio de canções.

Bem, desde quando comecei a ouvir metal, fui percebendo a relação entre o gênero musical e a história, presente em inúmeras letras de variados artistas. Foi por meio das músicas que tive contato com temas da história antiga, história medieval e mitologia. Foi por conta das músicas do Therion que me interessei em estudar a civilização mesopotâmica. E isso só para começar. Ainda temos bandas nacionais que se dedicam exclusivamente à nossa história, inclusive à cultura indígena, e algumas que se utilizam da história recente para criar letras de protesto.

O Iron Maiden é notório por suas letras inspiradas em acontecimentos e figuras históricas, vide a música “Alexander, The Great”, inspirado em Alexandre Magno

O campo da história dentro das letras das bandas de metal é bastante amplo e merece ser explorado. E é isso que essa coluna pretende fazer. A intenção aqui é discutir um pouco algumas letras e a forma como elas abordam os temas. Trazer a contextualização dos temas, dicas de leitura, analisar a forma como os assuntos são tratados nas músicas e, é claro, apontar as gafes cometidas.

Quanto a isso eu havia pensado em diversos modelos de abordagem: por banda, por álbum, por tema. Mas isso poderia acabar engessando o conteúdo e deixando as coisas meio pesadas. Por tanto resolvi seguir uma maneira mais intuitiva e ir tratando os temas de maneira variada podendo cada artigo falar de uma banda, um álbum, uma música, ou então sobre um personagem ou acontecimento histórico presente em letras de artistas variados.

Então preparem-se para aulas de histórias divertidas e não convencionais, mandem as suas sugestões de músicas com letras históricas e vamos aprender juntos um pouquinho mais sobre música e história.
Até a próxima!

%d blogueiros gostam disto: