Por Willian Jhonnes

Edição Anna Tuttoilmondo

Com quase três décadas de estrada, o Torture Squad está consolidado como um dos grandes nomes do metal nacional. Influência para inúmeras bandas, o grupo entra em uma nova fase, retornando à formação de quarteto que hoje conta com Mayara Puertas (vocal), Rene Simionato (guitarra), Amilcar (bateria) e Castor (baixo).

A banda, que está em turnê divulgando o EP “Return of Evil”, percorreu o país para uma série de shows em um espaço de 30 dias, agenda que foi repetida em sua primeira turnê europeia com a nova formação.

Conversamos com Castor e Mayara para sabermos mais sobre as novidades e planos desse gigante do metal brazuca. Confiram!

Return of Evil EP

Artemis: O Torture Squad chega a quase 30 anos de estrada como um dos maiores nomes do Thrash/Death Metal do Brasil. Desde o início da banda, ficou clara a versatilidade e técnica em sua sonoridade. Contem-nos um pouco dessa trajetória.

Castor: Sempre foi e continua sendo um processo natural. Em 1993 o Cristiano Fusco (ex-guitarrista) estava reformulando o TS, quando eu, o Amilcar e o Vitor entramos. Ele nos trouxe 3 músicas praticamente prontas, que eram a Soul in Hell, Criminal Brutallity e Suffocation. A primeira música que fizemos juntos naquela época foi Darkness Hides the Light. Todas elas fazem parte da nossa demo tape “A Soul in Hell”, lançada no mesmo ano. Dali em diante começamos a juntar nossos estilos de compor e, na minha opinião, foi o nosso segundo álbum, Asylum of Shadows, que mostrou a nossa cara e a forma de compor.

O processo de compor às vezes acontece quando um dos integrantes chega com uma música estruturada e, a partir disso, vamos lapidando uma coisa aqui ou ali, outras vezes juntamos ideias picadas e vamos trabalhando juntos até formamos uma musica. É assim até hoje.

Artemis: Vocês estão, agora, voltando de mais uma turnê na Europa para a divulgação do EP Return of Evil, o primeiro com esta nova formação. Quais eram as expectativas da banda para essa turnê, principalmente para Mayara e o Rene, já que esta turnê foi a primeira experiência internacional com a banda?

Castor: A gente estava empolgado em mostrar a banda com essa nova cara ao vivo para os

Torture Squad na Bélgica.
Foto por Jan Vervake

gringos! (risos)… A recepção deles superou as nossas expectativas, assim como na turnê brasileira anterior também! Estamos muito contentes com essa formação!

 Mayara Puertas: A turnê europeia foi uma grande realização para mim por ser a primeira vez que eu estaria me apresentando com o Torture Squad na Europa. Foi uma grande responsabilidade por saber que a banda já havia feito várias tours no exterior e conquistado muitos fãs por onde passou, mas a certeza que eu tinha é que estávamos cheios de gás e daríamos o máximo para transmitir isso ao público. A receptividade foi animal, até mesmo quando tocamos para públicos diferentes como o pessoal da cena Punk que curtiram e agitaram muito em nossos shows. Uma situação bem bacana foi em Berlim, na Alemanha, onde tocamos em uma das maiores ocupações Punk do mundo, e eu não esperava ver tantos headbangers num local como aquele. Os metalheads de Berlim compareceram em peso, um dos shows mais lotados que fizemos em toda a tour, punks e headbangers curtindo nossos shows juntos. O legal também foi encontrar muitos brasileiros por onde passamos, que hoje em dia moram na Europa, mas não deixam de prestigiar as bandas brasileiras quando passam por lá!

“O legal também foi encontrar muitos brasileiros por onde passamos, que hoje em dia moram na Europa, mas não deixam de prestigiar as bandas brasileiras quando passam por lá!” – Mayara

Cartaz da Return of Evil European Tour

Artemis: E, falando sobre a turnê, foram 19 shows em 26 dias, um ritmo realmente alucinante, passando por Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha e Polônia. Vocês conseguem descansar e fazer turismo entre os shows?

Castor: Na maioria das vezes foi chegar, montar o “equipo”, passar o som, tocar, tomar “uminha” com a galera e vazar pra próxima cidade. Em algumas cidades tivemos um tempinho nos days-off pra dar um rolê, tirar umas fotos e comer uns Döner Kebap, churrasquinho grego dos europeus (risos).

Mayara: O ritmo da estrada é realmente puxado, várias horas de viagem em uma van com nossos equipamentos que acaba por virar nossa casa, onde passamos o maior tempo. Eu tentei aproveitar ao máximo de todos os lugares que passamos, mesmo não havendo muito tempo para isso. Você consegue descansar um pouco mais somente nos day-off, pois sempre estamos indo de uma cidade para outra, então é preciso ter disciplina e trabalho em equipe para fazermos a viagem e montagem conforme o cronograma.

Artemis: Recentemente vocês encerraram a turnê brasileira do EP Return of Evil num ritmo bem parecido, com 28 shows em 31 dias, passando por 21 estados e o Distrito Federal. Como é tocar para públicos tão diferentes dentro de um mesmo país?

Castor: Essa turnê foi um marco na nossa vida com o TS! Fazer uma turnê dessas, na nossa cena underground, nos moldes que é feito no exterior, tocando de segunda a segunda, levando todo o equipamento e equipe técnica, foi uma grande vitória! O público de cada região tem suas peculiaridades, mas a energia é sempre a mesma! Todos os shows foram fodas! Parabéns a todos os headbangers que compareceram e mostraram que a nossa cena nacional é forte sim! Ninguém é paga pau de gringo não, como muitos por aí falam! Headbanger quer saber de banda batalhadora , que faz um som com honestidade e com seriedade, não importa de onde a banda seja!

“Parabéns a todos os headbangers que compareceram (nos shows) e mostraram que a nossa cena nacional é forte, sim! Ninguém é paga pau de gringo não, como muitos por aí falam! Headbanger quer saber de banda batalhadora, que faz um som com honestidade e com seriedade, não importa de onde a banda seja!” – Castor

Mayara: Headbanger é headbanger onde você estiver! Por todos os lugares que passamos sempre tivemos a receptividade e energia características do nosso país, os fãs acompanharam a turnê … se preocupavam com a gente! Eu percebi que os fãs sentiram a pressão de uma tour tão longa nas estradas brasileiras, queriam saber como estava correndo a tour, muitos se ofereciam para ajudar no que fosse possível, muitos deles envolvidos até com a produção dos eventos para que fosse possível um show nosso em suas cidades. E com certeza eles ajudaram da melhor forma possível, que foi comparecendo aos shows e curtindo com a gente. Qualquer cansaço vai embora quando existe essa troca de energia com a galera!

Artemis: Falando nisso, o EP Return of Evil foi lançado ano passado, sendo o primeiro registro dessa nova fase da banda. Ele conta com três faixas inéditas e a regravação de Dreadful Lies, música do primeiro álbum. Como foi o processo de composição para este EP? Todos participaram desse processo?

Castor: (Para) a faixa título, o Amilcar teve a ideia dos riffs durante uma turnê ainda quando éramos power trio. Foi a primeira música que trabalhamos juntos com essa formação. “Swallow Your Reality” foi composta na fase do power trio. “Dreadful Lies” foi escolhida por ser uma música do primeiro álbum que mantém a mesma energia e pegada das composição atuais e quisemos dar essa revigorada nela com a atual formação! “Iron Squad” era uma musica que o Rene tinha na sua gaveta, um dia depois do ensaio ele nos mostrou e curtimos a ideia e fomos trabalhando ela e acrescentando algumas ideias.

Artemis: Após a saída de André Evaristo, a banda voltou à formação clássica de um quarteto de Thrash/Death Metal. Como se deu o processo de seleção dos novos integrantes?

Castor: Na época eu e o Amilcar sentimos a necessidade de voltar a nossa formação tradicional como quarteto. A Mayara foi uma indicação da Fernanda Lira (Nervosa) que soube dessa nossa decisão. A gente já conhecia a May com o Necromesis, já tínhamos também visto a presença dela de palco e sentimos que ela seria a pessoa certa para o posto. Nessa época, o André Evaristo estava na banda ainda e começamos os primeiros ensaios com ela. Com a saída do André nesse mesmo período, tivemos que pensar num substituto e o Rene veio na nossa cabeça logo de cara! Além de ser um grande músico e amigo das antigas, ele e o Amilcar faziam um tributo ao King Diamond. O contato musical com ele já estava se aproximando naturalmente, rsrs…

Artemis: O último álbum de estúdio, Esquadrão da Tortura, é o primeiro registro conceitual da banda, com todas as letras abordando, cronologicamente, o período da ditadura militar brasileira. Vocês pretendem seguir essa tendência para o próximo álbum?

Castor: A ideia do conceito do Esquadrão surgiu naturalmente, esse álbum foi muito especial pra gente! Aprendemos muito sobre a nossa história trabalhando nele, porém, não vamos seguir com a mesma tendência pro próximo álbum.

Mayara: Nosso próximo álbum não será conceitual, mas todas as músicas estão ligadas de alguma maneira, mesmo sem intenção. Abordamos diversos temas, o que dá uma diversidade lírica muito grande a este trabalho que estamos ansiosos para lançar!

Artemis: Em 2008, vocês estiveram em um dos maiores festivais de metal do mundo, o Wacken Open Air, dividindo o palco com nomes como Obituary, Kreator e Carcass. Contem-nos como foi essa experiência e como foi tocar para 70.000 pessoas de todos os lugares do mundo.

 Castor: Tocar no Wacken é um sonho de qualquer headbanger. A estrutura e organização desse fest é incrível! Tudo funciona perfeitamente! Estar no mesmo festival junto com os nossos heróis é sem palavras! A energia e o respeito do público também é algo muito forte!

“Headbanger é headbanger onde você estiver! Por todos os lugares que passamos sempre tivemos a receptividade e energia características do nosso país, os fãs acompanharam a turnê … se preocupavam com a gente!” – Mayara

Artemis: Recentemente vocês anunciaram a gravação do 9º álbum de estúdio. Como está sendo o desenvolvimento deste álbum, o primeiro com a nova formação?

Na estrada em Portugal

Castor: Já estamos trabalhando na pré produção dele, a química de nós 4 trabalhando juntos é fortíssima, e isso está se refletindo muito bem nas novas composições!

Mayara: Nós somos uma banda que tem ensaios como nossa rotina de vida, isso proporciona um espaço natural para criação. Houve uma época em que achávamos ter terminado as composições do CD, e veja só…acabamos incluindo mais três sons que acabaram sendo compostos naturalmente durante os ensaios e nossas turnês. O resultado vocês poderão sentir em breve!

Artemis: Quais são os planos do Torture Squad para o futuro?

Castor: Em fevereiro vamos fazer a terceira parte da Return of Evil tour, abrangendo o interior de SP , MG e Paraná nos mesmos moldes que fizemos a turnê brasileira do ano passado, terminar a produção do novo álbum e lançar no primeiro semestre desse ano , fazer mais vídeo clipes e tocar até em Plutão se for possível! rsrsrs

Artemis: Espaço livre para vocês deixarem uma mensagem aos nossos leitores.

Castor: Muito obrigado  Willian Jhonnes e Anna Tuttoilmondo pelo contato e espaço cedido na Artemis Rock News, pra gente poder divulgar nosso trabalho! Vocês também são a engrenagem pra fazer a nossa cena forte! Grande abraço a vocês!

Mayara: Muito obrigada pelo convite a falar um pouco sobre nossa banda, em breve estaremos com muitas novidades! Abraço aos leitores e equipe do site Artemis Rock News!

Assista “Return of Evil”:

Torture Squad em Madrid, por Live Maniacs

 

Contatos:
http://torturesquad.net.br

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